sábado, 7 de junho de 2014

RESTINGA - Barra dos Coqueiros a Pirambu / SERGIPE - Interação: Continente x Oceano

Por: Eder Vasconcelos Borges
Câmera: Nikkon D3100
Lentes: AF-S DX nikkor 18-55mm f/3,5-5,6 G VR
             AF-S DX nikkor 55-300mm f/3,5-5,6 G VR
 

em maio de 2014

Bom pessoal,
hoje estamos para visualizar a restinga em Sergipe.
Fomos do Município de Barra dos Coqueiros-SE até o Município de Pirambu-SE, pelo litoral, visualizando os ecossistemas da Restinga.

Mas, o que é restinga?

Segundo o recente Código Florestal - Lei Federal n. 12.651, de 25 de março de 2012, restinga é "depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado;" - art. 3º, XVI.


É considerada uma Área de Preservação Permanente, como fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues (art. 4º, VI, da Lei n. 12.651/2012).

Então, é nesta região que se encontra o verdadeiro cordão umbilical que liga o Oceano, onde se iniciou a Vida na Terra, segundo a Ciência, ao Continente, onde a Vida se elaborou inteligente.

Para Dorothy Sue Dunn de Araújo, do Departamento de Ecologia-IB-UFRJ (acessível no Youtube <https://www.youtube.com/watch?v=jzEOk6dOcKE> - 19/05/2014) a restinga significa duas realidades: uma é o substrato e a outra é a vegetação.

No Nordeste Brasileiro, a restinga, enquanto substrato, significa sedimentos formados em cima da formação barreiras; um tipo de depósito terciário.

As restingas são formações advindas do depósito de sedimentos, vindos de rios e da plataforma continental, sendo recentes em termos geológicos (2 milhões de anos).

São sedimentos muito mais recentes que os formadores da Mata Atlântica.


Então, é interessante perceber que, possivelmente, os Rios Japaratuba, Contiguiba e Sergipe são os formadores, além da plataforma continental, da restinga que fica localizada entre os Municípios sergipanos de Barra dos Coqueiros e Pirambu.


Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Sergipe, este Estado é drenado por seis bacias hidrográficas, dentre elas: a Bacia do Rio Japaratuba e a do Rio Sergipe (que compreende o Rio Contiguiba) [acessível em http://www.sagri.se.gov.br/modules/tinyd0/index.php?id=29 - 19/05/2014].

Assim, com o objetivo de retratar parcela da Restinga, partimos da foz do Rio Sergipe, nos limites entre Aracaju e Barra dos Coqueiros:

às margens do Rio Sergipe, presenciamos belas imagens...

A ponte que liga os Municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros é um dos cenários mais simbólicos, atualmente, do Estado de Sergipe, tanto pela beleza arquitetônica como pela mobilidade e acesso que oferece à conexão dos litorais Sul e Norte do Estado.








Muitas embarcações atracam próximo à ponte, no Centro de Aracaju.





 

 A Prefeitura Municipal de Aracaju construiu a Orlinha do Bairro Industrial, local que permite uma bela vista da Ponte Aracaju-Barra como também do Rio Sergipe:


Após atravessarmos a ponte, já no Município de Barra dos Coqueiros, começamos a visualizar a presença de árvores frutíferas, em especial - as   mangabeiras.

O fruto sustenta as chamadas "catadoras de mangabas", verdadeira comunidade tradicional do litoral do Estado de Sergipe, que tem na colheita e venda da fruta fonte de renda.

Notável como a árvore cresce na areia que é encontrada no local:


Visite o site das Catadoras de Mangabas, local em que há vários dados sobre o assunto:
http://www.catadorasdemangaba.com.br/

Nele encontramos informações muito bem traçadas dessa importante fruta, que é colhida no Estado de Sergipe.





"As Catadoras de Mangaba são mulheres extrativistas, lutadoras, defensoras de uma das maiores culturas sergipana e brasileira - a cultura da mangaba. Uma fruta nativa do litoral do nordeste e dos cerrados do Brasil que está presente nas áreas nativas nas quais populações tradicionais praticam o extrativismo há séculos.



"A mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), fruteira da família das apocináceas, é planta arbórea de porte médio, que atinge de 5 a 10 metros de altura."


A restinga é o local ideal para a presença natural da mangabeira.



Segundo consta do site das Catadoras de Mangaba, são Municípios produtores da fruta: Estância, Itaporanga D´Ajuda, Barra dos Coqueiros, Indiaroba, Japaratuba, Japoatã e Pirambu.


Consta do sítio eletrônico mencionado: "O projeto Catadoras de Mangaba, Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe entra em sua segunda edição atuando junto às comunidades sergipanas onde ocorre a cata da Mangaba. O trabalho teve início em 2011 e  vem sendo realizado pela Associação das Catadoras de Mangaba e Indiaroba (Ascamai) sob patrocínio do edital público do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe e apoio do Movimento das Catadoras de Mangaba."


No percurso encontramos diversas belezas, tais como estas:












Parque Eólico e Porto de Sergipe

Durante o caminho, encontramos o chamado "parque eólico de Sergipe", uma série de captadores da força do vento oriundo do mar.

Segundo o site G1, o Parque Eólico consolida-se como marco de energia limpa em Sergipe, com uma Usina que tem capacidade de produzir 34,5 megawatts; inaugurado em janeiro de 2013. 
[<http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/01/parque-eolico-consolida-se-como-marco-da-energia-limpa-em-sergipe.html> acessado em 03/06/2014]



 UEE - Usina de Energia Eólica


 Estação que coleta a energia...


"O Parque Eólico Barra dos Coqueiros está localizada no município de Barra dos Coqueiros, Estado de Sergipe. 

O Parque é constituído por vinte e três unidades aerogeradoras totalizando 34,5 MW de capacidade instalada e 10,5 MW médios de garantia física de energia.
Através dos despachos nº 2.742, 2.831, 2.940 e 3.004, a ANEEL autorizou, a partir do mês de setembro de 2012, o início da operação comercial da Usina Eólica Barra dos Coqueiros.
Através da Sociedade de Propósito Específico Energen Energias Renováveis S.A, a Desenvix detém 95% de participação no empreendimento, tendo sido investido cerca de R$ 123,4 milhões.
O projeto teve financiamento de longo prazo negociado do China Development Bank em 80% do total do investimento, e os equipamentos foram produzidos pela SINOVEL.
Através do primeiro leilão exclusivo de energia eólica do Brasil (2º LER), realizado em dezembro de 2009 o Parque Eólico Barra dos Coqueiros comercializou 10,0 MW médio. Esta energia está contratada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica ("CCEE") como energia de reserva por um prazo de 20 anos, a partir de julho de 2012, ao preço de R$152,50/MWh (data base: dezembro de 2009). 

O excedente de energia gerada ao contrato firmado com a CCEE será comercializado para a própria CCEE.​"]

Fonte: <http://www.desenvix.com.br/negocios/Lists/Operacao/DispForm.aspx?ID=11>, acessado em 03/06/2014,



Na praia de Jabotá, conseguimos avistar o Porto de Sergipe - Terminal Marítimo Inácio Barbosa



"Operado pela Vale, situa-se no município de Barra dos Coqueiros, a 15 km de Aracaju. Trata-se de um terminal offshore com um cais de acostagem a 2.400 m da linha da costa, abrigado por um quebra-mar de 550 m. O cais de acostagem, com extensão de 356 m e largura de 17 m, é alargado para 23,60 m no trecho sul, numa extensão de 59,20 m, o que permite a manobra de qualquer veículo. A profundidade natural é de 9,50 m (maré mínima) elevada para 10,90 m com dragagem. A atracação é realizada na face interna em dois berços, com capacidade de atender navios com no máximo 30.000 TPB. A área do retroporto é de 200 ha, com 785.000 m² de área alfandegada. A ponte de acesso ao cais, com estrutura de concreto, tem 2.400 m de extensão, com 6,60 m de largura, classe 36 t, permitindo o tráfego nos dois sentidos. Dispõe de 6 armazéns de cargas gerais, 2 silos de armazenagem de cimento, com altura de 63m e capacidade total de 64 mil toneladas. O terminal está ligado à malha rodoviária federal (BR-101) através da rodovia estadual SE-226, com 22 quilômetros de extensão. Tem capacidade para operar com cargas gerais."

acessado em 03/06/2014 <http://www.invistaemsergipe.se.gov.br/modules/tinyd0/index.php?id=5>











Agora vamos ao principal desta matéria: a Restinga.
(fonte técnica - artigo: Diagnóstico das Restingas no Brasil, de Sandro Menezes Silva)

Como ecossistema, a Restinga apresenta sua fauna e flora, além dos elementos abióticos.

Assim, vamos iniciar pela Flora:


Flora da Restinga 

No site Manguezais e Restingas
(http://manguestin.blogspot.com.br/2013/04/flora-da-restinga.html) - acessado em 23/05/2014, encontramos as seguintes afirmações:

A restinga é formada principalmente por plantas herbácias com caules longos e flexíveis que se transformam em árvores cada vez mais altas a medida que se afasta do mar.

A cobertura vegetal da restinga está distribuída em várias formações vegetais distintas:

- Halófila = suporta grande salinidade em decorrência da penetração da água do mar nas regiões baixas marginais dos cursos d'água.

- Escrube = Vegetação arbustiva, com ramos predominantemente retorcidos, formando moitas, intercaladas com espaços abertos ou em aglomerados contínuos com plantas de até 3m de altura.

- Floresta de baixa restinga = Os animais utilizam esta área como local para pouso, no caso das aves, alimentação, reprodução, dormitório e rota migratória.

- Floresta de alta restinga = Vegetação predominantemente arbórea, com dossel fechado e árvores de 10 à 15 m de altura. Solo arenoso de predominância marinha.

Indo além, lendo o artigo "Diagnóstico das restingas no Brasil", acessível em <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CCoQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.anp.gov.br%2Fbrasil-rounds%2Fround7%2Fround7%2Fguias_r7%2FPERFURACAO_R7%2Frefere%2FRestingas.pdf&ei=JUOTU-LYBcbgsAT0g4G4CQ&usg=AFQjCNFlVTPJqi2WZivxfVdDj3VsIZs0Tw&sig2=an8siyyFEQbO4jahorPjjA&bvm=bv.68445247,d.b2k> em 01/05/2014, de Sandro Menezes Silva (Departamento de Botânica - Setor de Ciências Biológicas - Universidade Federal do Paraná) obtemos as seguintes informações, que conjugamos com algumas das imagens que capturamos durante a "expedição":

Embora o artigo concentre-se mais nas restingas localizadas nas regiões Sul e Suldeste, constatamos que, quanto às subdivisões do litoral brasileiro e as restingas, que ele tem aproximadamente 9.000 Km de extensão, no qual são classicamente reconhecidas 5 regiões fisiográficas, definidas principalmente por elementos geológicos, oceanográficos e climáticos:

1) litoral amazônico ou equatorial (da foz do Rio Oiapoque até o Maranhão oriental) - tendo por principal característica a ocorrência de extensas áreas de manguezal; 2) litoral nordestino ou de Barreiras (da foz do Rio Parnaíba ao Recôncavo Baiano) - tendo por principal característica a presença de depósitos sedimentares da Formação Barreiras, as falésias e arenitos de praia, os recifes de coral e extensas áreas com dunas de grande porte; 3) litoral oriental (do Recôncavo Baiano até o sul do Espírito Santo) - tem características comuns ao litoral nordestino, mas com o aparecimento de escarpas da Serra do Mar; 4) litoral sudeste ou das escarpas cristalinas (do sul do Espírito Santo ao Cabe de Santa Maria-SC) - apresentando proximidade das escarpas cristalinas da Serra do Mar ao oceano e grandes reentrâncias na linha da costa: baías e lagunas; 5) litoral meridional ou subtropical (do Cabo de Santa Maria-SC até a desembocadura do Rio Chuí) - clima subtropical, com ocorrência de amplas planícies sedimentares arenosas associadas a um conjunto de lagunas com diferentes níveis de comunicação com o oceano. 


Na Restinga que fica entre os Municípios de Barra dos Coqueiros e Pirambu, visualizamos a vegetação fixação das dunas:



Na vegetação mais densa há, inclusive, cactos:














Pelo que se pesquisou, possivelmente, estes sedimentos são oriundos dos Rios Sergipe e Japaratuba e da plataforma continental que, com a ação do mar (ondas, marés, etc) e do vento, vão se depositando na praia e sendo levados para dentro do continente, apenas encontrando obstáculo na vegetação fixadora: Restinga.




















Inclusive, encontramos vegetação com arvores grandes












frutos encontrados
















Fauna da Restinga 

Verificamos a presença de diversas aves na região:

Anum



Sabiá da Praia 


Garças




Corujas



Foz do Rio Japaratuba

Esta é a foz do Rio Japaratuba, nos limites entre os Municípios de Barra dos Coqueiros e Pirambu




A partir da desembocadura do Rio Japaratuba é que se dá inicio à Reserva Biológica de Santa Isabel, Unidade de Conservação da Natureza de proteção integral, como diz o Decreto Presidencial n. 96.999 de 20 de outubro de 1988.
Seu objetivo é a proteção da fauna local, especialmente as Tartarugas Marinhas que se encontram na Praia de Santa Isabel, a sua principal área de reprodução.


à esquerda, atracadouro na cidade de Pirambu


É isso aí pessoal... até a próxima!